Amaram o amor urgente
As bocas salgadas pela maresia
As costas lanhadas pela tempestade
Naquela cidade
Distante do mar
Amaram o amor serenado
Das noturnas praias
Levantavam as saias
E se enluaravam de felicidade
Naquela cidade
Que não tem luar
Amavam o amor proibido
Pois hoje é sabido
Todo mundo conta
Que uma andava tonta
Grávida de lua
E outra andava nua
Ávida de mar
E foram ficando marcadas
Ouvindo risadas, sentindo arrepios
Olhando pro rio tão cheio de lua
E que continua
Correndo pro mar
E foram correnteza abaixo
Rolando no leito
Engolindo água
Boiando com as algas
Arrastando folhas
Carregando flores
E a se desmanchar
E foram virando peixes
Virando conchas
Virando seixos
Virando areia
Prateada areia
Com lua cheiae à beira-mar
Chico Buarque
2 comentários:
Olá querida amiga! Descobri este blogue e decerto que hei-de cá voltar mais vezes! Parabéns pelo visual, pelas letras, tudo de acordo com a pessoa que eu conheci em Alfama! Abraços!
Olá ,Manuel!
Decerto amigo que, todos aqueles que cá venham ,de coração limpo e imbuído de boas intenções,sempre serão bem-vindos e agraciados com a amizade respeitosa da "lua e do Sol".
Agradeço-te a amabilidade.
Abraço fraterno.
Postar um comentário